
É… Depois de um longo tempo volto a escrever… Inverno poético que aconteceu no outono… Maneira lúdica de dizer que foram dias difíceis. É… Escritor de internet também tem marés difíceis…
Ou você acha que colunistas são super heróis que atrás de seus computadores sobrevivem apenas teclando?
Sim... foi em Junho, que minha vidinha foi balançada de verdade, em Junho se foi meu papai, se foi meu avôzinho querido e se foi meu amor...
Creio que você compreende o que estou falando. Dias difíceis. Não é à toa que na Palavra de Deus se encontra claramente: “a cada dia basta o seu cuidado.”
Perceba… Estamos nos relacionando. A quantidade de reticências é justamente para você interagir comigo… Precisamos conversar.
Como você vai amanhecer daqui pra frente?
Haverá felicidade em cada manhã?
Você se encontrará feliz?
Como será no “Dia Difícil, no Mês da Dor”?
E agora gostaria de lhe dizer como meu Avô começava suas manhãs… Ele acordava cedo. Sempre. Levantava, fazia o que precisava ser feito quando acordava e ia para a cozinha. Lá começava o segredo de um novo dia.
O café do Sr. Donato
Metodicamente ele esquentava a água numa velha chaleira. Só se houvia o barulho da água esquentando. O silêncio permite que este barulho se torne doce, afetivo… O ambiente ficava impregnado de um clima de reflexão. É tudo era feito no maior capricho. Tudo parecia parar…
Meu avô era muito sério e tinha um bigode grosso. Seu rosto fica entre a paz e a dureza das marcas do tempo. Rugas formadas por muitas dores. A maior de todas tem haver com tempos de solidão, longe dos filhos e dos netos. Nessa hora ele franzia a testa parecendo analisar que forças restaram para continuar.
Começava a coar o café. Nossa que cheiro! Até quem não gosta de café se surpreende com o aroma de casa de família feliz que brota daquele velho bule. Sim… Um velho bule, um fogão de lenha, numa sociedade de garrafas térmicas tão caras e sofisticadas. Sem falar nas máquinas de café a vapor... e de café com gosto de saco plástico. Mas lá está o homem, o velho carreiro, o mineiro bom, o Sr. Dom
O homem que recomeçava a vida a cada dia. Só um detalhe: tudo isso ele fazia no segredo das manhãs que ainda não tinham acontecido… Bem no limiar da madrugada e do amanhecer.
Esse era o segredo do Sr Dom, seu café em forma de oração há mais de cinquenta e cinco anos.
E lembra do início da nossa conversa? Íamos falar de dias difíceis… mês... Será que alguém começa algum dia difícil quando nas pequenas coisas coloca tanto amor?
“Ele lhe disse: Muito bem, servo bom; porque foste fiel nas coisas pequenas, receberás o governo de dez cidades.“
Lucas 19,17